O melhor da vida começa aos 40!


Vou fazer 40 anos. 
Toda a gente me fala da ternura dos 40, que os 40 são os novos 30, que a melhor fase da vida está a começar.
Não consigo deixar de olhar ao meu redor e ver que muitas recém-quarentonas estão em belíssima forma: Estabilidade de 50, corpinho de 30 e  alegria de 20!
Algumas abraçaram com entusiasmo a nova etapa e outras demoraram a digerir os “enta”.
Se até há pouco tempo tinha dúvidas, nas últimas semanas constatei com tristeza que me encontro no 2º grupo. Tenho razões e provas científicas disso. E vou revelá-las na minha minha mini-novela-mexicana intitulada: 

“A  *#$&%*  da Ternura dos 40”

Episódio 1:  Para entrar nos 40 é preciso tomar as medidas certas

 Num encontro marcado e remarcado 527 mil vezes, lá se conseguem juntar amigas de longa data num bar in da praia. Quase todas da mesma idade (julgo que eu seria a mais nova) e em fases mais ou menos parecidas da vida, ficámos na mesa mais perto da areia como fazem os mais cool. Ótimo ambiente, musiquinha bacana, conversa amena e felizmente uns óculos de sol da moda para esconder as olheiras e o sono.
De tema em tema vamos saltando entre os filhos, o trabalho, a crescente necessidade de repensar prioridades e as banalidades do dia-a-dia. E foi precisamente nesta última que me “enterrei”. Falava das melhoras da asma do meu filho mais velho, apesar das contínuos atentados à saúde que faz quando sai de t-shirt e calças pelo tornozelo, sem meias, e com 12 graus de temperatura. Explicava eu a medida das calças: “Daquelas mais curtas que se usam agora, como quem vai regar milho, sabem?!” e diz-me uma amiga: “Assim como as minhas?” mostrando-me os seus jeans rasgados no joelho, curtos “como quem vai regar milho”, sem meias e de ténis... Super na moda e com um ar super jovem.
Tentei disfarcar, escondi debaixo da mesa as minhas calças compridas (com medida a bater no tacão da bota que tenho há mais de 5 anos) e voltei à asma, que afinal não tem aumentado apesar da dimunição da vestimenta. 
O que cresceu mesmo foi a minha cabeça. Ficou que nem um melão.


Episódio 2:  Dona de roupa nova 

Já que faço 40 vou dar-me ao luxo de comprar roupa e entrar em lojas de gente adulta. Desta vez não vou à procura de calças que deixaram de servir aos 3 filhos ao mesmo tempo, nem vou à caça daquela t-shirt cuja cor está esgotada em 20 lojas (mas que tenho de arranjar para festa da escola do mais novo).
Esta viagem pelo centro comercial vai ser centrada em MIM! 
(Ok...mas deixa-me só espreitar a nova coleção da Zippy que é liiiinda!)
A tentar evitar o corredor do vestuário infantil, confesso que fiquei tentada a comprar uns ténis e umas calças “de regar milho”. Só que depois lembrei-me que seria um desperdício de dinheiro pois tenho sempre a hipótese de pedir as sapatilhas ao mais velho e arregaçar um pouco mais aquelas calças que me engolem (e torturam) as gorduras.
Na dúvida entre um vestido e uma blusa liga-me a minha irmã: “Estou? Olha é só para dizer que há uma loja que está com 20% de desconto e tem tamanhos grandes para ti!”
Começo a ter a impressão que os quarenta são muito espaçosos para caber em qualquer roupa. E a única Roupa Nova que me me vai entusiasmar é aquele grupo musical com o mesmo nome que cantava a música “Dona”:
 Dona desses traiçoeirooooos /Sonhos sempre verdadeiroooos (...).
Tan, tan, tan, batem na porta / Não precisa ver quem é
Pra sentir a impaciência / Do teu pulso de mulher / OHHH Dona! 
 Lembram-se? Era uma música que dava na novela “Tieta do Agreste” ou “Roque Santeiro”!
O que quer dizer... há cerca de MIL anos atrás! Estou mesmo velha! BUAÁAAAA!!!
  

Episódio 3:  Vais fazer 40??!

Na véspera do meu aniversário fui invadida por um sentimento agridoce. Ansiosa por confirmar se os 40 são mesmo de ternura, e angustiada por me sentir uma quarentona antiquada, balofa e fora de moda. Queria chegar aos 40 com a estabilidade de 50 (aos pouquinhos lá chegarei...só faltam 10 anos!), corpinho de 30 (e tenho o corpinho somado de 30... anões) e alegria de 20 (às vezes tenho a “parvalheira” dessa idade).
Mas a verdade é que não me posso queixar. Falo de barriga cheia (e é por isso que quero emagrecer...piada seca...).
Alcancei muito, mesmo antes de chegar aos 40.
Talvez por isso, passe a imagem de ser mais adulta, ou mais velha. Dizia a senhora que me vende a fruta: “Então é amanhã o grande dia! Não sabia que fazias 40! Pensei que tivesses mais!” Caiu-me tudo ao chão e mais uma vez a fruta venceu: fiquei com uma cabeça que mais parecia uma melancia! O que é bom porque a melancia não engorda (mais uma piada seca...).
Agora a sério. Tenho um marido que é um espanto, tenho uns filhos que são um encanto, tenho uma família fantástica, poucos (mas muito bons) amigos, tenho saúde, emprego, sou respeitada e apreciada pelos outros. Também tenho preocupações e problemas, mas quem não tem?
  

Final Feliz, digo, Início Feliz

Contrariamente ao que esperava, o dia de aniversário foi tranquilo. Sem grandes expectativas mas com muitas alegrias. A presença, as palavras e as demonstrações de carinho foram imensas e eu fiz sucesso com os jeans curtos e sapatilhas!
Das muitas coisas que me encheram a alma destaco as palavras do meu mai nobo: “Ontem estava triste, com o coração partido, porque tinha saudades tuas. Mas agora estou feliz e tenho o coração colado porque estou contigo!”
Afinal, esta novela mexicana (ai como eu sou uma exagerada!!!) teve um final feliz, de coração colado!
Bem...um final, não! Um início feliz! 
Porque pelos vistos.... o melhor da vida começa aos 40!

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